Brasil: País da diversidade?

“Brazil presidential candidate airs homophobic rant during TV debate” é o título da notícia do jornal inglês intitulado “The Guardian” que repugna as declarações de Levy Fidelix no debate da record. Assim que vi o debate, me pronunciei nas redes sociais alegando que o me assutava, não era o discurso homofóbico, tão clássico e ignorante como tudo que sai da boca de pessoas com o mesmo perfil de Fidelix, o que me deixava em choque, era a normalidade com que as pessoas encaravam a declaração. Assim que li o artigo do jornal, um alívio. Não foi só eu (Que bom!) que entendi aquela cena como uma tristeza para a democracia e tolerância, como considerou o jornal. Após a leitura, deixo esse pedido a vocês, caros amigos ingleses. (Antes da leitura, já me justifico, sou brasileira, mas não sei fechar os olhos diante das tantos atrasos do nosso povo - brasileiro)

Queridos amigos ingleses, agradeço por terem contado ao mundo sobre o que aconteceu ontem, mas mais que isso, faço a vocês um apelo: O mundo precisa saber que o que aconteceu ontem na televisão é apenas uma parte do que acontece no Brasil, todos os dias. Contem ao mundo todo o quanto essa gente brasileira, tão famosa por sua diversidade, são na verdade uma parcela de gente bastante preconceituosa e precários de tolerância, inteligência e reflexão.
Não se assustem com nossos candidatos e com seu tempo gasto para atacar um ao outro no lugar de falar de suas propostas, eles são meros reflexos desse povo. Nesta terra, ainda tem gente que diz amém as catequizações acima de qualquer razão. Tem quem confunda união homoafetiva com pedofilia, machismo e racismo com herança cultural. No nosso Brasil do desenvolvimento, o Estado é laico, mas o governo não. Aqui se justifica intolerância com religião. Ninguém entende a guerra do Iraque na televisão: “Como, meu Deus, são capazes de matar em seu nome?”, mas condenam à morte um homossexual com a bíblia na mão.
O mundo precisa saber que no país do carnaval, as mulatas são discriminadas todos os dias, porque no país metade-áfrica, ser negro e pobre é dar motivo para condenação. É preciso contar ao mundo que o país que elegeu uma mulher pra presidente, é o mesmo país que estupra mulheres todos os dias, que violenta suas mulheres nas casas, nas ruas e universidades.
Na guerra daqui, homossexuais são mortos e espancados todos os dias, aqui tem lugar no senado pra profeta anti-gay, que incentiva a violência sem qualquer razão. Este povo, que bate palmas e dá espaço para preconceituosos na corrida presencial, é o povo do tal país sem preconceitos.
Contem ao mundo, a guerra daqui tem outro nome.

Comentários

  1. Lamentável... Saber que num país que deveria respirar diversidade por se tratar de uma população completamente miscigenada, falte educação para distinguir opinião de preconceito. Não podemos nos calar! Sábias palavras Déia.
    Bjo do Daher.

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