Quem diria que viver ia dar nisso!


Tenho estado cansada.
Por dentro, por fora. Na alma, no corpo.
E tenho a plena consciência que esse cansaço vem de muito tempo.
Nem lembro mais o que é ter plena confiança em alguém.
Não sei mais amar muito, porque eu sei que em algum momento essas pessoas vão embora, e eu sei mais ainda sobre a dor que elas vão deixar.
Já não me sinto sorrindo com os olhos e com o coração. Porque várias vezes só sorrio mais pra parecer mais forte.
Levo a trancos e barrancos o que eu gosto.
E quase não tenho levado o que pouco me interessa.
Sinto falta de alguns. Mas a angústia maior é que eu sinto falta do que eles foram, e não do que são agora.
Não importo com o que deveria importar. Não acho errado o que era certo achar.
Sempre falo demais, mas sempre guardo só pra mim o que precisa ser dito.
A flor da pele, sem desejar qualquer toque que expresse carinho, só porque assim fica mais difícil segurar não chorar.
Vivendo. Tocando. Tomando coca demais, dormindo de menos, não só pelo efeito da coca.
Desejando achar pelo menos metade da paciência e da doçura que eu tinha, e perdi pelo caminho.
Pensei mais de mil vezes em desistir. Mas isso em nada ajudaria.
Tudo isso tem me feito estar cansada de tudo, com raríssimas exceções. Em raros momentos.
E o que me dá raiva, é que continuarei sorrindo, brincando, fingindo que está tudo bem, simplesmente para fazer com que eu mesma acredite que nada mais dói, que tanto faz.
Seguirei sorrindo até onde o coração aguenta.
Viver tem me causado um stress danado.
Como Caio uma vez disse: “Quem diria que viver ia dar nisso!”

Andréia de Fátima Hoelzle Martins

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